CORRELAÇÃO DO INTESTINO E OBESIDADE

 Em Artigo Científico, Bem- estar, Intestino, Microfisioterapia, Obesidade, Saúde

CORRELAÇÃO DA DISBIOSE INTESTINAL E OBESIDADE

Kelly Katheryne Osorio Kercher2,Kelly Katheryne Osorio Kercher2

Existe uma relação fundamental entre o intestino e saúde, sendo, este órgão, considerado pela medicina moderna nosso segundo cérebro em meio ao conceito de permeabilidade intestinal. Dentro da avaliação do processo alimentar, a eficaz absorção nutricional pode ser alterada devido aos desequilíbrios, como má absorção, interação fármaco-nutriente, alterações na permeabilidade da mucosa e, consequente, um desequilíbrio da microbiota intestinal. A disbiose intestinal ainda pode ser relacionada com outras patologias, tais como a obesidade, visto que, o aumento da permeabilidade intestinal e a síndrome do intestino irritável em que há desarmonia da flora intestinal pode vir a impedir as funções normais do cólon, havendo uma vulnerabilidade da saúde do indivíduo (PÓVOA, 2002). Assim, esse artigo visa correlacionar, por meio de uma revisão bibliográfica, a interação da disbiose intestinal e obesidade.

O termo disbiose descreve a presença de bactérias patogênicas no
intestino, consequentemente, a microbiota produz efeitos nocivos principalmente pela mudança qualitativa e quantitativa da própria microbiota intestinal (HAWRELAK; MYERS, 2004).
Entende-se como disbiose, um distúrbio caracterizado por uma disfunção colônica devido à alteração da microbiota que habita nosso intestino, e esta patologia é cada vez mais considerada n0 diagnóstico de várias outras doenças (SLEISENGER; FORDTRAND’S, 2010). A disbiose intestinal ainda pode ser relacionada com outras patologias, tais como a obesidade, visto que, o aumento da permeabilidade intestinal e a síndrome do intestino irritável em que o desequilíbrio da flora intestinal chega ao ponto de impedir as funções normais do cólon, havendo um desequilíbrio da saúde intestinal (CARREIRO, 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sabe-se que a ingesta do alimento não garante que seus respectivos nutrientes estarão totalmente biodisponíveis a serem utilizados por nosso organismo. Devem existir condições químicas, bioquímicas e fisiológicas adequadas para que ele possa ser degradado e utilizado. A presença ou ausência de um nutriente essencial pode afetar a disponibilidade, absorção, metabolismo ou necessidades dietéticas de outros devido interações que desempenham (COZZOLINO, 2012).Também é necessário que os produtos que não serão utilizados pelo organismo sejam excretados,
assim como as substâncias tóxicas que possam ter sido ingeridas junto com os mesmos. Se uma dessas etapas não funcionar satisfatoriamente, o corpo apresentará carências nutricionais e funcionais (CARREIRO, 2009). A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo, sabe-se que
em tempos atuais a demanda excessiva de gorduras hidrogenadas, bem como, o consumo excessivo de açúcares simples, estão integralmente relacionados ao ganho indesejável de peso (ABESO, 2009). A ciência, que já comprovou que a ingesta desse tipo de açúcares está associada ao ganho excessivo de peso, se aprimorou em observar que esta, estava correlacionada à permeabilidade intestinal. Ou seja, ocorre um desequilíbrio intestinal, que está associado a obesidade (PÓVOA,
2002). Em 1999 foi desenvolvido por Helion Póvoa um trabalho apresentado ao congresso médico de New Orleans, cujo submetera um grupo de 35 mulheres que não faziam o uso de medicamentos tais como pílulas anticoncepcionais, antibióticos, antinflamatórios ou outras substâncias que pudessem influenciar a permeabilidade intestinal. Para classifica-las em sobre peso, foi utilizado o cálculo do índice de massa corporal (IMC= kg/m²), sendo separado um grupo cujo resultado excedera 25 e outro em estado de eutrofía. Foi aferido a permeabilidade intestinal de ambos os grupo de mulheres, através de um método simples chamado lactulose, uma forma de açúcar que em condições normais não é absorvido no trato digestivo, como será explicado neste artigo. Após a ingestão da lactulose em jejum, foi aferido através da urina os níveis desta substância excretada. Sendo que, se estiver acima de 1,6%, significa que a permeabilidade do intestino esta aumentada, ou seja, altos níveis de lactulose, apontam que o açúcar que deveria ser eliminado foi absorvido. O resultado desta pesquisa foi que o grupo cujo estava com percentil acima de 25 obtiveram uma média entre 2,45% e 1,67%,

Concluindo a relação entre o aumento da permeabilidade intestinal e a obesidade (PÓVOA, 2002). Percentual absortivo de lactulose, sendo que, os valores acima de 1,6% indicam aumento na permeabilidade intestinal, explicando sua possível relação com o excesso de peso. Uma microbiota pobre em microorganismos é compatível com acúmulo de peso, comprovado isto ao fato de que algumas das espécies que constituem os bilhões de bactérias e fungos que habitam o  intestino humano podem gerar uma reabsorção não esperada de amido e açúcar no cólon, já que durante décadas fora considerado que além do intestino delgado, jejuno, duodeno e íleo, não pudessem ocorrer absorção de nutrientes. As bactérias metanógenas, produtoras de metano, e outras
produtoras de hidrogênio podem interagir e aumentar consideravelmente a absorção de açúcar,inclusive conseguindo digerir polissacarídeos não digeríveis pelo nosso trato gastrintestinal, como as glucanas, que normalmente não produzem glicose nos humanos, tais como Methanobrevibacter smithii e Bacillus tethaiotaomicron que por sua vez aumentam significativamente a absorção de açúcares calóricos pelo organismo humano, levando uma maior tendência ao acúmulo de peso. Floras intestinais desequilibradas, com predomínio dessas bactérias podem estar relacionadas com obesidade, uma família bacteriana denominada Prevotella e Archae também mostra associação com aumento de peso em humanos (POUTAHIDIS, 2013).

CONCLUSÃO
Considerando os resultados dos estudos relatados ao desenvolver deste artigo, em que a resposta da permeabilidade intestinal desencadeou o aumento de peso, devido a reabsorção intestinal indesejada de açúcares, conclui-se que além dos diversos fatores ambientais, socioculturais, metabólicos, há também uma correlação entre os distúrbios intestinais e a obesidade, sendo que há necessidade de maiores estudos que evidenciem e justifiquem esta doença estar inteiramente ligada não apenas ao consumo inadequado de nutrientes através de uma dieta desequilibrada, mas também, o resultado final da absorção daquilo que se ingere.
PALAVRAS-CHAVE
Trato Gastrointestinal; Disbiose; Obesidade

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME
METABÓLICA – ABESO. Diretrizes Brasileiras da Obesidade. Itapeví, SP, 2008-2009.

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